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A história da capoeira no Brasil começa no século XVI, quando os negros eram trazidos da África para trabalharem como escravos, principalmente na região nordeste do país. Proibidos de exercer quaisquer práticas relacionadas a luta, disfarçavam os movimentos de combate usando a música e a dança, elementos que hoje são julgados essenciais para a prática
da capoeira. Sua história mostra uma grande luta contra a discriminação e violência que os negros sofriam na época da escravidão. Hoje ela é considerada uma expressão popular e une o esporte, a arte marcial, a cultura popular, a dança e a música.

A MUSICALIDADE TRANSFORMADA EM LIBERDADE

Entre todos os benefícios existentes na capoeira, a música foi um dos que mais chamou atenção dos alunos da APAE- Fazenda Rio Grande. Além de acompanharem os jogos com palmas, os capoeiristas têm a chance de tocar instrumentos que fazem parte da roda de capoeira como o atabaque, o berimbau e o pandeiro.

 O professor Edemilson Cabral de Mello, conhecido como mestre Spock, conseguiu perceber durante suas aulas que os seus alunos encaram a musicalidade na capoeira como uma ideia de liberdade. Por meio da música eles conseguiram se expressar, atuar em grupo e sentir qual era o seu tempo dentro da roda. “ A música para eles se torna libertador”, afirma o mestre.

O grande desafio foi fazer os alunos tocarem os instrumentos e baterem palmas no ritmo da música regional, que tem marcação de três tempos. O mestre Spock, então, usou a metodologia de intercalar os alunos. Os que tinham mais facilidade em acompanhar o ritmo entre os que tinham mais dificuldade. No fim o resultado foi fascinante! Os alunos que tinham dificuldade em acompanhar o ritmo, batiam palmas ou tocavam sem nenhum problema.

Maculelê

Na oficina de capoeira foi apresentado aos alunos o maculelê, uma dança que simula a luta entre duas tribos, usando bastões como arma.

Existem várias versões sobre o surgimento do maculelê, o mestre Spock conta a história de uma tribo que sai para caçar e deixa um de seus guerreiros que estava doente na aldeia, junto com as crianças, mulheres e idosos. Aproveitando-se da situação, uma tribo rival invade a aldeia, e o índio guerreiro luta contra eles até a morte usando apenas dois bastões.  

Expectativas para 2020

Ao trabalhar o maculelê com os seus alunos, ele teve como objetivo variar a marcação da música de três para quatro tempos, gerando assim um desafio aos docentes. Ainda que a mudança tenha sido uma novidade, o mestre nos conta que os pequenos capoeiristas conseguiram contornar as dificuldades e se saíram muito bem acompanhando o ritmo, batendo os bastões, realizando os passos da dança e se expressando livremente. Vale ressaltar que, apenas depois de quatro aulas os alunos estavam aptos a apresentarem ao público essa dança que faz parte da história brasileira.

A oficina de capoeira é viabilizada por meio do Edital 001/2017 – PROFICE, da Secretaria Estadual de Cultura do Estado do Paraná, do Ministério da Saúde. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

Por: Gabriela Rossi Filipi – Escritora Voluntária.