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Sabe-se que o cavalo é o terapeuta principal da equoterapia, pois é através dele que os estímulos serão passados aos praticantes, porém você sabe o que é preciso observar para escolher um bom cavalo para esta prática? A seguir estarão detalhadas algumas dicas sobre o que deve ser levado em consideração.

Muitas pessoas se perguntam se devem ser utilizados cavalos de uma raça específica, e qual raça seria essa. A resposta é: Não! O cavalo para equoterapia não precisa ser de raça, e sim seguir uma série de padrões como, por exemplo:

Altura: Os animais devem ter uma altura média entre 1,40m e 1,50m, aproximadamente, para que a equipe multidisciplinar possa atuar com segurança.

Curiosidade: A altura de um cavalo é medida em sua cernelha, e não em sua cabeça, como nos seres humanos, como podemos observar na figura à seguir com o animal Paçoca do Projeto Equoinclusão.

Conformação do cavalo: De maneira geral, o cavalo escolhido para a equoterapia deve apresentar um corpo bem formado, proporcional e forte, com uma boa musculatura. Também é importante que ele apresente uma boa conformação em suas patas (sem deformidades ou lesões) e uma proporção correta entre altura de garupa e de cernelha (que é o local sobre o qual será colocada a sela ou manta, evidenciado na figura abaixo), para que assim o praticante permaneça equilibrado durante a montaria. Se, por exemplo, o cavalo apresentar uma cernelha muito evidenciada, isso pode causar um desequilíbrio inclinando o praticante para trás.

Neste caso, pegamos como referência o animal Nego, cavalo da Equoinclusão para demonstrar a cernelha e a garupa em branco, e sua correlação na linha preta, mas é importante ressaltar que com a idade o cavalo vai perdendo musculatura e tende a ficar “selado”, fazendo com que sua cernelha fique mais evidente.

Tipo de passo: Um cavalo que apresenta uma boa conformação de maneira geral, será um cavalo que também apresenta uma boa movimentação. Cada cavalo apresenta um tipo de passada natural e esta pode ser definida como antepistar, sobrepistar e transpistar, lembrando que cada uma delas tem sua função terapêutica e o tipo de passada deve ser escolhido de acordo com o fim terapêutico.

Curiosidade: Quando dizemos que um cavalo antepista, significa que a marca do casco de trás não atinge a marca deixada no chão pelo casco da frente durante uma passada completa. Quando o cavalo sobrepista significa que seu caso de trás pisa exatamente em cima da marca deixada pela pata da frente, e quando o cavalo transpista significa que a marca da pata de trás ultrapassa a marca deixada pela pata da frente.

Movimentação do cavalo: Deve ser cadenciada, regular e também deve realizar transições (por exemplo: passo para o trote, do trote para o galope, do passo para o auto) de maneira suave, e não ter nenhuma lesão no seu aparelho locomotor, para que o estímulo motor passado para o praticante seja o correto. 

Temperamento: Assim como nós, cada cavalo apresenta um temperamento e mesmo passando por um treinamento adequado, devemos escolher um animal que seja naturalmente calmo, tranquilo e que se sinta à vontade para realizar as atividades que lhe serão propostas. Dentro deste tópico pode-se ressaltar que é interessante observar como o cavalo se comporta em relação não somente as pessoas ao redor, mas também com os outros cavalos.

Nesta imagem podemos ver que o cavalo está à vontade com a demonstração de afeto da nossa praticante Valentina, evidenciando a importância de um cavalo que tenha bom temperamento, e se sinta bem durante sua interação com as pessoas.

Programas de equoterapia: A equoterapia apresenta diversos programas, e em cada um deles teremos praticantes de diversas idades, habilidades, e dificuldades, então dentro de um padrão geral de cavalo escolhido, cada um deles apresentará maior aptidão para desempenhar sua função dentro do programa escolhido.

Idade: Outro fator de extrema relevância é a idade do animal a ser escolhido, pois deve ser estar com sua maturidade tanto física quanto psicológica atingida. Dê preferência à animais que estão em uma idade a partir de 10 anos. Também não se deve usar cavalos idosos, pois os mesmos podem sentir dor, ter alguma doença ou incômodo provenientes da idade e cansar-se com facilidade, assim como nós. Sendo assim, o ideal é que o cavalo não passe da idade de 18/20 anos. 

Estas são somente algumas dicas, porém a escolha do cavalo correto deve ser realizada pelo Equitador (profissional responsável pelo treinamento dos animais na equoterapia) em conjunto com toda a equipe. Sempre lembrando que se deve respeitar as individualidades de cada cavalo e oferecer a eles o melhor manejo e bem-estar, pois além das características que devem ser observadas para a escolha de um animal, o ambiente que este estará inserido também faz toda a diferença.

Por: Camila Bettega Gruginski, Gestora de Equinocultura e Equitadora.