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Em agosto de 2021 vão se completar 11 anos da The Giving Pledge. Uma organização filantrópica fundada por Bill e Melinda Gates e Warren Buffett que tem como sua principal missão incentivar pessoas e famílias com grandes fortunas a doarem parte de suas riquezas a causas sociais. Atualmente são mais de 200 famílias bilionárias que já se comprometeram ou efetivamente já doaram parte de suas fortunas a diferentes iniciativas e causas socias espalhadas por todo o mundo.

É ou não uma fantástica ação de responsabilidades social? É EXTRAORDINÁRIA, melhor dizendo. Vamos tentar perceber ou entender quais seriam os elementos compositores para que pessoas tomassem essa atitude/comportamento?

Vou deixar como implícitos os conceitos de disponibilidade de recursos, de planejamento, gestão, execução e as respectivas avaliações das ações realizadas sob efeito dos recursos doados. Pois, afinal de contas estamos falando de gênio(a)s e de pessoas super bem sucedidas em seus negócios. Certo. Mas e aí… Quais seriam as percepções, entendimentos e sentimentos influenciadores e ou determinantes para que uma pessoa doe parte de seu tempo e dinheiro a favor de benefícios alheios?

Uma das respostas pode ser o fato de que todos nós em algum momento da vida já tivemos dificuldade em fazer ou até mesmo não conseguir realizar algo. E que se não fosse a pronta ajuda de uma determinada pessoa, talvez estaríamos até este instante sem saber como proceder ou solucionar tal situação. Ninguém aprecia não saber o que e como fazer para superar uma simples fase de um jogo de video game. Imagine não conseguir ser mais atencioso ou paciente com entes queridos. Bom, não necessitamos acentuar a gravidade de adversidades para termos a noção exata da importância de uma mão amiga. Sabedores de que para suas próprias vidas a cooperação e a ajuda de alguém foi de vital importância, muitas dessas famílias afortunadas desejam que todas as pessoas que enfrentam dificuldades possam ter o mesmo ou um efetivo auxílio para superá-las.

Uma peça que nos ajuda a continuar montando a paisagem que impulsiona o ato de doar pode ser compreendida pela via da intelectualidade, da racionalidade. Sabemos que o planeta Terra nos dá condições físicas necessárias para que possamos viver. Ao observarmos as interrelações de uma cadeia alimentar terrestre fica muito fácil perceber que o conjunto de plantas, algas, animais, fungos e bactérias compõem um clico de relação que é fundamental para o equilíbrio do ecossistema. A natureza nos demonstra com a sua simplicidade de que é muito possível convivermos em um mesmo espaço onde pelo menos todos os seus participantes tenham por garantia uma forma de se alimentar. É impossível não compararmos essa realidade com o contexto social, político e econômico em que atualmente vivemos. A racionalidade e uma pergunta mais do que lógica veem à tona na mesma proporção da velocidade da luz: Como ainda somos capazes de viver em uma sociedade em que pessoas ainda veem a óbito por inanição, me desculpem, pela falta de ingestão de alimentos? Com certeza muitas das pessoas que destinam seus recursos a causas sociais são as mesmas que não conseguem aceitar racionalmente ou até mesmo “entender” como que uma situação como essa infelizmente persiste em assombrar a humanidade.

Também existe uma outra explicação que nos ajuda a entender os motivos que levam um grande número de seres humanos a destinar parte de suas riquezas a favor de iniciativas filantrópicas. A Intitulo de O encantamento por levar benefícios aos seres. É meu entendimento e já me coloca bem à vontade e aberto a opiniões diferentes. Afirmo: Existem pessoas que já perceberam que a felicidade está associada a uma convivência com base na superação dos próprios limites de egoísmo, da competividade, da liberação dos sentimentos de raiva, carência, medo. De ter a mente atenta e o coração aberto para a disposição em ser útil ao próximo, de respeitar as diferentes opiniões sobre um mesmo fato, dos diversos modos de cultura, de religião, orientação sexual. Pessoas que pensam assim partem do princípio de que já possuem tudo que é necessário para poder ser feliz. São abundantes pôr natureza. E consequentemente vão destinar a maior parte do tempo ou o tempo todo de suas vidas para ajudar às outras pessoas que ainda sequer tenham ideia de que isso seja possível ou que tudo isso existe. Se importar e contribuir para a superação de problemas alheios (fome, violência, falta de saneamento, básico, etc.) é um ato de responsabilidade social e mais do que isso é um estado natural de ser.

 Por: André Caminski – Coordenador de Ações do Coletivo Inclusão