AUTISMO
O Transtorno Espectro Autista, também conhecido com TEA, é caracterizado como um grupo de desordens complexas que podem comprometer o desenvolvimento do sistema neuropsicomotor, afetando as áreas de comunicação, socialização, coordenação, comportamentos repetitivos e restritivos e outros. Esses sinais e sintomas levam uma a uma alteração do desenvolvimento da criança.
O diagnóstico normalmente se da antes dos três anos de idade, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar especializada, onde cada profissional capacitado faz sua avaliação e acompanhamento desta criança. O Autismo pode ser classificado como leve, moderado ou grave.
Ao passar dos anos, o número de casos tem aumentado significativamente no mundo, em 2020, estudos apontam que a cada 54 crianças, 1 é diagnosticada com autismo, sendo a maioria de acometidos do sexo masculino, sendo a prevalência de 4 meninos para 1 menina dignosticada. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, o Autismo acomete mais de 2 milhões de pessoas.
A causa do Autismo ainda é desconhecida, vários estudiosos estão a anos tentando desvendar detalhes e o motivo desta patologia se desenvolver. Porém, evidências científicas indicam a existência de alguns fatores, como por exemplo, fatores genéticos e ambientais.
Além das características já citadas anteriormente, outras podem estar presentes, como por exemplo, dificuldade de aprendizagem, aprisionamento em uma rotina específica, alteração de sono e apetite, agressividade, autoagressão (arrancar os cabelos, se morder e se bater), heteroagressão, movimentos repetitivos de mãos e braços (bater palmas, movimentos oscilatórios, extensão de pescoço e balaceios), andar nas pontas dos pés, alteração de sensibilidade tátil e sonora.
Antes mesmo da família receber o diagnóstico, é possível iniciar o tratamento para melhora da qualidade de vida e funcionalidade desta criança, buscando terapias que sejam prazerosas e que ajudem no desenvolvimento motor, sensorial e psicológico.
Atualmente a diversos tipos de terapia que essa criança pode realizar, como por exemplo, musicoterapia, psicoterapia com o método ABA, psicopedagogia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia e outras diversas opções. Uma terapia que está sendo muito procurada atualmente, devido aos seus diversos benefícios, é a equoterapia.
A EQUOTERAPIA E O AUTISMO
Deve-se ressaltar que os indivíduos com o diagnóstico de autismo devem ser vistos de maneira individual, ou seja, apesar da mesma nomenclatura diagnóstica (autismo), deve-se levar em conta que cada indivíduo é único, independente das condições físicas/psicológicas que apresentem. Entender e respeitar esse praticante dentro dessa individualidade é de grande importância, principalmente para os profissionais que atuam dentro da equoterapia. Partindo dessa visão, podemos entender e avaliar melhor o praticante em busca de objetivos específicos, principalmente aqueles que envolvem a criação de vínculo (socialização), independência e autoestima, diminuição da ansiedade (estereotipias), comunicação verbal ou não e outros.
Esses objetivos mencionados acima podem/devem acontecer antes e depois da montaria, antes envolvendo a fase que chamamos de aproximação, é nesta fase que acontece a interação do praticante com o animal/equipe, é nela que as trocas de olhares estarão presentes, que as palavras de boas-vindas vão surgir e que a sintonia vai ocorrer. É nesse momento que os sentimentos e as emoções vão ser transferidas de praticante para cavalo e é ali que uma oferta vai surgir (de amizade, de carinho, amor e paz).
Na fase chamada de montaria é que a comunicação verbal e não verbal vai estar muito presente, o praticante precisa sentir o animal e conversar com ele para que os comandos sejam obedecidos, como pequenos gestos para o cavalo andar e parar que estimulam toda a área da comunicação. É nesse momento também, com o passo do cavalo, que é rítmico, progressivo e cadenciado, que promoverá um relaxamento muscular causando a diminuição das estereotipias, uma vez que é preciso foco e atenção para se manter sozinho(a) em cima de um animal de grande porte. É nesse momento que a independência e a autoestima vão ser fortalecidas, uma vez que a sensação de liberdade e paz acontecem em cima do cavalo.
Por último e não menos importante, a fase da despedida. É nesse momento que o alimento pode ser oferecido e com ele, outros objetivos deverão ser trabalhados, tais como a ansiedade, já que o barulho da mastigação remete ao conforto e ao aconchego. O ato de alimentar também auxilia nas questões ligadas as restrições alimentares, já que o praticante observa o animal comendo e dessa maneira, pode vir a aceitar o mesmo ou outros alimentos, uma vez que o seu animal idealizado come e gosta. A despedida simboliza o fim de um dia e com ele, entender que mesmo que a sessão tenha acabado, semana que vem uma nova aproximação vai acontecer e que todo o momento de espera vai valer a pena.
Artigo escrito por:
- Giovana Bonotto Zilli, fisioterapeuta e equoterapeuta.
- Allana Schendroski Martins, psicóloga e equoterapeuta.